Segunda-feira, 7 de Janeiro de 2008
"Olha que as noites do Trumps são únicas", preveniram-me antes de eu ir para lá, no sábado passado. E a pessoa que o disse tinha razão. Esta foi especialmente reveladora.
Primeiro, encontro o rapaz de 21 anos (a idade importa) que andou um mês a moer-me a cabeça porque queria algo sério e que gostava muito de mim e tinha saudades minhas (quando se lembrava, digo eu). Eu sempre o apoiei o melhor que pude e tentei mostrar que estava em sintonia. Não me devo ter exprimido bem porque, além do silêncio que eu finalmente permiti que se interpusesse entre nós durante dias (deixando de ser sempre eu a enviar sms, a combinar encontros e a preocupar-me com o menino), ao ver-me no Trumps apenas disse "Olá, tudo bem?" e continuou a dançar com a amiga como se eu já não estivesse ali. Esperei uns segundos, parado no meio da pista à frente dele, reflectindo sobre o que estava eu ali a fazer. Felizmente, o bom senso pode tardar mas não falha e fui ter com os meus amigos e ponto final neste assunto. Ele que ligue quando quiser porque eu tenho uma vida para gerir.
Mas o mais hilariante ainda veio depois. Na pista de fumo (perceberam? Sala de fumo->pista de fumo), estava a comentar o sucedido com o meu amigo, eis senão quando levanta-se da cova um homem que eu já devia ter enterrado definitivamente mas NãããO..., porque eu gosto de sofrer, é o que é. Também foi daqueles que me parecem corresponder num dia e no outro é o silêncio até qualquer dia (sim, porque eles voltam sempre nem que seja para assombrar). Como eu gosto de saber tudo e de explicar tudo quanto possível, perguntei-lhe (note-se que ele é que veio ter comigo): Porque é que nunca mais me disseste nada? A resposta foi novamente silêncio, mas desta vez entre um encolher de ombros e aquele sorriso sacana que quase me tira o bom senso. Nisto, ele pega no telemóvel e vai à agenda (mesmo à minha frente de modo que eu via). Cena hilariante n.º 1: ele já está na agenda, hesita, olha para mim com aquele ar de já fiz merda mas sempre a sorrir diz: Desculpa lá, mas como é que te chamas? Eu não acredito que não te lembras, ripostei eu em tom aborrecido mas com vontade de gargalhar um pouco. Cena hilariante n.º 2: eu já lhe disse o meu nome, ele vai directamente ao meu n.º e mostra-mo orgulhoso da sua proeza. Se tivesse ficado por aqui se calhar até lhe tinha perdoado a falha de memória (a gente sabe que com uns copitos isso pode acontecer e afinal ele até ainda tinha o meu n.º gravado). Só que, depois da minha confirmação, achou por bem justificar-se esfregando-me na cara as dezenas de contactos que tinha no telemóvel com o primeiro nome igual ao meu. Percebi, então, que ele não tem necessidade de apagar números porque tem uma agenda com capacidade ilimitada. Depois perde-se lá dentro, tadinho. Imagino, se o pai se chama Pedro, já não deve falar com ele há milhares de anos...
Antes de se afastar deu-me um beijo na cara. Mas porquê? Para me deixar mais atrofiado do que já sou? O que vale é que a história entre nós dois já se passou há muito tempo e não restam senão boas e más recordações. Apenas recordações.
Por outro lado, devo estar no auge da minha beleza (tenho que aproveitar agora ou nunca) porque, meninas e meninos, eu nunca fui tão assediado numa só noite. Foi bom para me sentir poderoso e mandar os outros dois à merda sem medos. Foi mau por não ter querido corresponder aos assédios de que fui alvo. Torna-se chato quando isso acontece.
De seguida vou apresentar uma canção que se cola aos dois falecidos (um deles morto pela segunda vez) mas também a mim. Porque, se eu creio (mesmo que seja só porque eu queira, cada um acredita naquilo que quiser) que eles não tiveram coragem para tentar e amar-me, admito que o mesmo se passa comigo em relação a amigos que tenho no meu coração e tenho medo de misturar os sentimentos todos e fazer uma grande confusão magoando quem eu menos quero que se magoe. Enfim, a canção chama-se Strong Enough e é cantada pela sensual Sheryl Crow num dos melhores álbuns do início de carreira.

God, I feel like hell tonight
Tears of rage I cannot fight
I’d be the last to help you understand
Are you strong enough to be my man?

Nothing’s true and nothing’s right
So let me be alone tonight
Cause you can’t change the way I am
Are you strong enough to be my man?

Lie to me
I promise I’ll believe
Lie to me
But please don’t leave

I have a face I cannot show
I make the rules up as I go
It’s try and love me if you can
Are you strong enough to be my man?

When I’ve shown you that I just don’t care
When I’m throwing punches in the air
When I’m broken down and I can’t stand
Will you be man enough to be my man?

Lie to me
I promise I’ll believe
Lie to me
But please don’t leave


publicado por garçon às 23:06 | link do post | comentar | favorito

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