Génova já foi a cidade mais rica do mundo. Foi lá que os primeiros bancos foram criados e neles entrava muita da riqueza proveniente do mundo inteiro. Génova é também o título de um filme de Michael Winterbottom (A Mighty Heart) que eu vi hoje.
O filme peca por ser quase todo filmado com handycam em movimentos tão rápidos e confusos que fazem corar de vergonha o The Blair Witch Project. A mim, pôs-me quase verde de náuseas. Francamente, não gosto da técnica. É uma técnica que imprime uma emoção, é certo, mas que se prende à forma e não ao conteúdo. Para mim, o argumento, quando é bom, basta para, aliado a planos genialmente orquestrados (e quietinhos), despertar a maior das ansiedades.
No entanto, a história é boa, o elenco é bom (e bonito, veja-se só a Kelly, na fotografia ao lado), há mensagens que nos são implicitamente dadas de presente como conselhos para a vida e há picos de tensão dignos de um filme de suspense. Mas este é um drama sobre a família, os elementos, o que os separa e o que os une, narrado com extrema contenção e sensibilidade, visível nos desempenhos exemplares de Colin Firth (Joe, o pai), Willa Holland (Kelly, a filha mais velha) e Perla Haney-Jardine (Mary, a filha mais nova). Os três mudam-se de Chicago para Génova depois da morte da mãe num acidente de viação e tentam ultrapassar o choque enquanto atravessam mudanças nas suas vidas.
Sabemos como pode ser engraçado ler os escritos nas casas-de-banho públicas (porque raio lhes chamamos assim se não tomamos lá banho?). A piada aumenta quando uns respondem a outros quase sempre de forma muito mordaz. Lido hoje num WC público:
"O Sócrates é paneleiro e aldrabão."
E numa letra diferente, em baixo:
"Paneleiro é virtude, aldrabão não."
Apresento aqui o primeiro andamento do Concerto para violoncelo em E menor de Elgar, com a Jacqueline du Pré no violoncelo e o Daniel Barenboim na direcção. Os restantes andamentos estão também no Youtube mas, para mim, este é o mais bonito. E, lembrem-se!, faço anos em Setembro e a Amazon tem muitos discos dela à venda, incluindo caixas com todas as gravações, e eu não encontro nada nas lojas. Também me podem oferecer o biopic Hilary and Jacquie, filme baseado na biografia escrita pelos irmãos.
(Convém aumentar o volume antes de começar a ouvir porque o registo está baixo)
Conheci esta violoncelista inglesa numa manhã cinzenta a caminho do trabalho (pela Antena2, agora quase sempre sintonizada) e fiquei logo apaixonado por ela e pela obra que ouvi - o concerto para violoncelo em E menor do compositor Edward Elgar. Logo o meu dia se iluminou.
Não só o concerto é arrepiante de beleza mas também a história da intérprete cuja vida foi demasiado curta para o muito que com certeza ainda podia dar ao mundo. Parece idiota mas é inevitável que uma morte prematura eleve ainda mais a grandeza de um espírito e de uma obra. Dá pena como quando acaba qualquer coisa boa.
Citando o Wikipedia, Jacqueline Mary du Pré (1945-1987) nasceu em Inglaterra e ficou conhecida como uma das melhores violoncelistas de sempre. A sua paixão pelo concerto de Elgar, à volta da qual andou toda a vida, associou-a a este de maneira indelével. A sua interpretação deste trabalho tem sido descrita como "definitiva" e "lendária".
Em 1966, conheceu o pianista e maestro israelita Daniel Barenboim e, no ano a seguir, foi para Jerusalém, converteu-se ao judaísmo e casou com ele. Esta relação foi das mais frutíferas na música dando muitos concertos e gravações juntos.
Em 1971, a performance de du Pré começou a piorar gradualmente à medida que ela foi perdendo sensibilidade nos dedos e noutras partes do corpo. Foi-lhe diagnosticado esclerose múltipla em 1973. A doença forçou-a a deixar de tocar com apenas 28 anos e levou-a à morte prematura.
Anteontem, comentei uma posta no MpI que falava da variedade de profissões presente nos subscritores do movimento. Perguntava eu, depois de ter visto na lista muitos arquitectos, professores, artistas e jornalistas, onde é que andavam os carpinteiros, os operários, os talhantes e os polícias.
Noutra posta sobre a cobertura mediática da apresentação do Movimento, critiquei o Correio da Manhã pelo trabalho quase nulo no caso.
Mesmo a calhar, como se alguém naquela redacção tivesse lido os meus comentários e quisesse apoiar-me ou contrariar-me, o Correio da Manhã publicou, hoje, com um bocadinho mais de destaque, uma mini-entrevista a Belmiro Pimentel, polícia e dirigente do Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública que acaba de lançar um grupo de trabalho de apoio a homossexuais, lésbicas e bissexuais da PSP, o grupo Identidade XY.
O grupo recém-criado pretende ajudar os/as agentes que se sintam discriminados de qualquer forma no trabalho, nomeadamente no combate às piadas preconceituosas, defender que a orientação sexual não compromete o desempenho profissional e transmitir ao exterior essa mesma mensagem.
Belmiro Pimentel tem 34 anos, trabalha no comando da PSP do Porto há dez anos e assumiu a sua homossexualidade há sete. Claro que a seguir à notícia online choveram comentários de força e elogio e outros que denotam pessoas ignorantes ou intolerantes. Por exemplo, houve alguém que se mostrou incrédulo quanto ao facto de um homossexual ser dirigente sindical rematando desta forma digna da minha esforçada condescendência: "Que será que discutem nas reuniões, croché?"
Este tipo de comentário revela em quem os faz um desconhecimento da realidade, uma falta de convivência com um leque mais variado de pessoas, uma negligência para com o mundo à sua volta. Resta-me acrescentar que há muita gente culpada desta ignorância predominante. Uns porque não querem conhecer nem admitem que possa haver uma realidade escondida e outros, os escondidos (mea culpa também), por não se darem a conhecer integralmente.
Nesse aspecto, Belmiro Pimentel contribui para uma sociedade esclarecida e, por isso, merece o louvor de todos nós.
A igualdade no acesso ao casamento civil é uma questão de justiça que merece o apoio de todas as pessoas que se opõem à homofobia e à discriminação. Partindo da sociedade civil, a luta pelo acesso ao casamento para casais de pessoas do mesmo sexo em Portugal conta neste momento com um crescente apoio político e social. Nós, cidadãos e cidadãs que acreditamos na igualdade de direitos, de dignidade e reconhecimento para todas e todos nós, para as/os nossas/os familiares, amigas/os, e colegas, juntamos as nossas vozes para manifestarmos o nosso apoio à igualdade.
Exigimos esta mudança necessária, justa e urgente porque sabemos que a actual situação de desigualdade fractura a sociedade entre pessoas incluídas e pessoas excluídas, entre pessoas privilegiadas e pessoas marginalizadas; Porque sabemos que esta alteração legal é uma questão de direitos fundamentais e humanos, e de respeito pela dignidade de todas as pessoas; Porque sabemos que é no reconhecimento pleno da vida conjugal e familiar dos casais do mesmo sexo que se joga o respeito colectivo por todas as pessoas, independentemente da orientação sexual, e pelas famílias com mães e pais LGBT, que já são hoje parte da diversidade da nossa sociedade; Porque sabemos que a igualdade no acesso ao casamento civil por casais do mesmo sexo não afectará nem a liberdade religiosa nem o acesso ao casamento civil por parte de casais de sexo diferente; Porque sabemos que a igualdade nada retira a ninguém, mas antes alarga os mesmos direitos a mais pessoas, acrescentando dignidade, respeito, reconhecimento e liberdade.
Em 2009 celebra-se o 40º aniversário da revolta de Stonewall, data simbólica do início do movimento dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros. O movimento LGBT trouxe para as democracias - e como antes o haviam feito os movimentos das mulheres e dos/as negros/as - o imperativo da luta contra a discriminação e, especificamente, do reconhecimento da orientação sexual e da identidade de género como categorias segundo as quais ninguém pode ser privilegiado ou discriminado. Hoje esta luta é de toda a cidadania, de todos e todas nós, homens e mulheres que recusamos o preconceito e que desejamos reparar séculos de repressão, violência, sofrimento e dor. O reconhecimento da plena igualdade foi já assegurado em várias democracias, como os Países Baixos, a Bélgica, o Canadá, a Espanha, a África do Sul, a Noruega, a Suécia e em vários estados dos EUA. Entre nós, temos agora uma oportunidade para pôr fim a uma das últimas discriminações injustificadas inscritas na nossa lei. Cabe-nos garantir que Portugal se coloque na linha da frente da luta pelos direitos fundamentais e pela igualdade.
O acesso ao casamento civil por parte de casais do mesmo sexo, em condições de plena igualdade com os casais de sexo diferente, não trará apenas justiça, igualdade e dignidade às vidas de mulheres e de homens LGBT. Dignificará também a nossa democracia e cada um e cada uma de nós enquanto cidadãos e cidadãs solidários/as – e será um passo fundamental na luta contra a discriminação e em direcção à igualdade.
Eu tinha que partilhar isto.
1º o concerto chamado O Fino da Bossa realizado em 1965 no Teatro Paramount em São Paulo. Este concerto trouxe a esta grande cidade o género novo do Rio de Janeiro e catapultou muitos dos artistas que começavam carreira como Elis Regina & Jair Rodrigues. Este disco tem também um Desafinado (literalmente) deles os dois que é de rir de alegria.
2º a entrevista a Elis, em 1980, em que a artista fala de ecologia, política e felicidade duma maneira tão boa. O pior é que podia perfeitamente ter sido gravado hoje, o que quer dizer que o mundo não evoluiu lá grande coisa. E lá está a pequena e tímida Maria Rita, tão fofinha!
Extraordinário!
Extraordinária também é a reportagem do velório de Elis Regina que passou na televisão brasileira mostrando a própria defunta e pode ser vista aqui.
O próximo vídeo ajuda a perceber quão grande era a adoração dos franceses pelo músico de jazz norte-americano Sidney Bechet. Prova que não só este adoptou França como pátria como também o país adoptou o artista como seu.
Patricia Kaas no início da sua carreira discográfica.
A l'enterrement d'Sidney Bechet
Y avait des flûtes des clarinettes
So long Big Man.
A l'enterrement d'Sidney Bechet
Y'avait des putes et des poètes
Et des barmans.
A l'enterrement d'Sidney Bechet
Y'avait Boris et sa trompette.
A l'enterrement d'Sidney Bechet
On jouait du Jazz rue de la Huchette.
A l'enterrement d'Sidney Bechet
Y'avait des petites fleurs des pâquerettes
So long Big Man.
A l'enterrement d'Sidney Bechet
Personne n'est venu faire la quête
Pas vous m'ssieurs dames.
...
Dans un club de la New Orléans
Au paradis des musiciens
Il a sûrement une place assise
Dans un orchestre qui se souvient.
...
Aqui vai uma pista. Esta é a flor da árvore que as dá. Outra pista: É o tempo delas. Uma curiosidade: Esta espécie veio da Ásia e a sua flor é símbolo do Japão, onde se realiza, quando estas árvores florescem, a Festa da... sakura.
Sidney Bechet (Nova Orleães 1897 - Garches 1959) foi desde muito novo um destacado instrumentista tendo aprendido a tocar quase todos os instrumentos de jazz, em especial, o clarinete.
A sua maneira de usar a vocação decorativa do clarinete lançou-o para as melhores bandas de Nova Orleães quando ainda era criança. Mas foi na Europa, onde andou em tourné na orquestra de Will Marion Cook, em 1919, que foi recebido com maior entusiasmo ao passo que nos EUA passava despercebido mesmo após o seu regresso e o seu lançamento discográfico.
Enquanto esteve no estrangeiro, encontrou aquele que passaria a ser o seu principal instrumento, o saxofone soprano.
Passados alguns períodos mais ou menos felizes ou conturbados da sua carreira, acabou por adoptar França como residência permanente (1949) e tornou-se aí uma celebridade e um herói nacional.
"Summertime" foi um grande sucesso gravado em 1938.
Joel Xavier é considerado um dos mais prestigiados guitarristas mundiais. Com apenas 19 anos venceu o Concurso Internacional de Guitarra da National Association of Music Merchants em Los Angeles e foi considerado um dos cinco melhores guitarristas do ano nos EUA.
Agora que este artista tem 35 anos, o seu novo disco, Saravá, é um trabalho de fusão entre o jazz e os ritmos afro-brasileiros gravado ao vivo no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.