
A cidade de Lisboa é uma cidade essencialmente de trabalho. Diariamente, entram milhares de pessoas ao início do dia e saem ao final do mesmo sem na maioria das vezes usufruirem calmamente do espaço público que Lisboa oferece. Assim, vemos pessoas a correrem desalmadamente pelas ruas do centro, a caminho do trabalho ou de casa, sendo observados pelos turistas esplanadados ao Sol com aquela moleza das férias.
Porém, esta semana voltei a percorrer uma avenida de Lisboa, a Avenida da Igreja, que há muito não percorria e me deu a sensação de que, afinal, há vida nesta cidade. Não sinto isso com muita frequência excepto em zonas populares como o Chiado. No entanto, é diferente. No Chiado, há uma confusão de géneros de pessoas que desenraíza o bairro a favor de uma caracterização indefinida, ao que muitos chamam de cosmopolitismo.
Eu assisti na Avenida da Igreja a um tipo de urbanidade isento de turistas e de outsiders. Pelo contrário, vi pessoas descontraídas, habituadas ao bairro, que se movimentavam e estavam nele com o à vontade de estar seguro em casa. Só eu andava ali com os olhos curiosos a denunciarem a minha estranheza aos outros. A vida continuava apesar disso e era bonito ver a movimentação constante que obrigava os automobilistas a esperarem antes das passadeiras quando mudavam de direcção tal era o fluxo de transeuntes.
Ao mesmo tempo, muitas outras pessoas deixavam-se ficar sentadas nas mesas de fora dos cafés conversando, bebendo, comendo, olhando e esperando. Entre os cafés, o comércio também atrai com as montras bem elaboradas das lojas modernas alternando com as lojas de maior idade onde a fruta ainda é exposta no exterior a meter cobiça a quem passa. Tudo isto num dia cheio de Sol e folhas secas a caírem ao ritmo das brisas passageiras me animou.
De
Mr Fights a 1 de Novembro de 2007 às 20:49
A Avenida da Igreja é para mim uma das mais características da vivência de Lisboa. Se me dissessem: "Escolhe um sitio para viver em Lisboa" provavelmente era lá.
Adoro o bairro de Alvalade logo pela sua génese: prédios de classes altas e classes baixas lado a lado nas mesmas ruas sem qualquer distinção estética entre si.
De
ZEP a 4 de Novembro de 2007 às 02:32
também gosto muito de Alvalade. Practicamente cresci ali pois sempre estudei na zona. Primeiro na Gago Coutinho, no meio do calmissimo bairro das vivendas e depois no Padre António Vieira.
A Av. Igreja era um dos hábitos diários após as aulas. Descer a av. Igreja e subir a Av. Roma. Sitios como a Carcassone, Biarritz ou a Concha Nata fazem parte desse meu imaginário de adolescência.
Tenho amigos que vivem ali agora e ainda é frequente ir lá. Se pudesse escolher, provavelmente iria viver para esse bairro de vivendas em Alvalade. Muito calmo, muito agradável. Ou então na Av. Rio de Janeiro.
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