Quarta-feira, 03.06.09

Anteontem, comentei uma posta no MpI que falava da variedade de profissões presente nos subscritores do movimento. Perguntava eu, depois de ter visto na lista muitos arquitectos, professores, artistas e jornalistas, onde é que andavam os carpinteiros, os operários, os talhantes e os polícias.

 

Noutra posta sobre a cobertura mediática da apresentação do Movimento, critiquei o Correio da Manhã pelo trabalho quase nulo no caso.

 

Mesmo a calhar, como se alguém naquela redacção tivesse lido os meus comentários e quisesse apoiar-me ou contrariar-me, o Correio da Manhã publicou, hoje, com um bocadinho mais de destaque, uma mini-entrevista a Belmiro Pimentel, polícia e dirigente do Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública que acaba de lançar um grupo de trabalho de apoio a homossexuais, lésbicas e bissexuais da PSP, o grupo Identidade XY.

 

O grupo recém-criado pretende ajudar os/as agentes que se sintam discriminados de qualquer forma no trabalho, nomeadamente no combate às piadas preconceituosas, defender que a orientação sexual não compromete o desempenho profissional e transmitir ao exterior essa mesma mensagem.

 

Belmiro Pimentel tem 34 anos, trabalha no comando da PSP do Porto há dez anos e assumiu a sua homossexualidade há sete. Claro que a seguir à notícia online choveram comentários de força e elogio e outros que denotam pessoas ignorantes ou intolerantes. Por exemplo, houve alguém que se mostrou incrédulo quanto ao facto de um homossexual ser dirigente sindical rematando desta forma digna da minha esforçada condescendência: "Que será que discutem nas reuniões, croché?"

 

Este tipo de comentário revela em quem os faz um desconhecimento da realidade, uma falta de convivência com um leque mais variado de pessoas, uma negligência para com o mundo à sua volta. Resta-me acrescentar que há muita gente culpada desta ignorância predominante. Uns porque não querem conhecer nem admitem que possa haver uma realidade escondida e outros, os escondidos (mea culpa também), por não se darem a conhecer integralmente.

 

Nesse aspecto, Belmiro Pimentel contribui para uma sociedade esclarecida e, por isso, merece o louvor de todos nós.



publicado por garçon às 21:27 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Segunda-feira, 01.06.09

A igualdade no acesso ao casamento civil é uma questão de justiça que merece o apoio de todas as pessoas que se opõem à homofobia e à discriminação. Partindo da sociedade civil, a luta pelo acesso ao casamento para casais de pessoas do mesmo sexo em Portugal conta neste momento com um crescente apoio político e social. Nós, cidadãos e cidadãs que acreditamos na igualdade de direitos, de dignidade e reconhecimento para todas e todos nós, para as/os nossas/os familiares, amigas/os, e colegas, juntamos as nossas vozes para manifestarmos o nosso apoio à igualdade.

Exigimos esta mudança necessária, justa e urgente porque sabemos que a actual situação de desigualdade fractura a sociedade entre pessoas incluídas e pessoas excluídas, entre pessoas privilegiadas e pessoas marginalizadas; Porque sabemos que esta alteração legal é uma questão de direitos fundamentais e humanos, e de respeito pela dignidade de todas as pessoas; Porque sabemos que é no reconhecimento pleno da vida conjugal e familiar dos casais do mesmo sexo que se joga o respeito colectivo por todas as pessoas, independentemente da orientação sexual, e pelas famílias com mães e pais LGBT, que já são hoje parte da diversidade da nossa sociedade; Porque sabemos que a igualdade no acesso ao casamento civil por casais do mesmo sexo não afectará nem a liberdade religiosa nem o acesso ao casamento civil por parte de casais de sexo diferente; Porque sabemos que a igualdade nada retira a ninguém, mas antes alarga os mesmos direitos a mais pessoas, acrescentando dignidade, respeito, reconhecimento e liberdade.

Em 2009 celebra-se o 40º aniversário da revolta de Stonewall, data simbólica do início do movimento dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros. O movimento LGBT trouxe para as democracias - e como antes o haviam feito os movimentos das mulheres e dos/as negros/as - o imperativo da luta contra a discriminação e, especificamente, do reconhecimento da orientação sexual e da identidade de género como categorias segundo as quais ninguém pode ser privilegiado ou discriminado. Hoje esta luta é de toda a cidadania, de todos e todas nós, homens e mulheres que recusamos o preconceito e que desejamos reparar séculos de repressão, violência, sofrimento e dor. O reconhecimento da plena igualdade foi já assegurado em várias democracias, como os Países Baixos, a Bélgica, o Canadá, a Espanha, a África do Sul, a Noruega, a Suécia e em vários estados dos EUA. Entre nós, temos agora uma oportunidade para pôr fim a uma das últimas discriminações injustificadas inscritas na nossa lei. Cabe-nos garantir que Portugal se coloque na linha da frente da luta pelos direitos fundamentais e pela igualdade.

O acesso ao casamento civil por parte de casais do mesmo sexo, em condições de plena igualdade com os casais de sexo diferente, não trará apenas justiça, igualdade e dignidade às vidas de mulheres e de homens LGBT. Dignificará também a nossa democracia e cada um e cada uma de nós enquanto cidadãos e cidadãs solidários/as – e será um passo fundamental na luta contra a discriminação e em direcção à igualdade.



publicado por garçon às 23:32 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Quinta-feira, 28.05.09

"Acreditando que um dia povo e lei reconhecerão o casamento de pessoas do mesmo sexo, como governador da Califórnia irei manter a decisão do supremo tribunal da Califórnia. Em relação aos 18.000 casamentos celebrados antes da Proposition 8, o tribunal tomou a decisão correcta de os manter intactos. Também quero apelar aos que reagirem à decisão do tribunal hoje para que o façam de modo pacífico e dentro da lei."

 

“While I believe that one day either the people or courts will recognize gay marriage, as governor of California I will uphold the decision of the California supreme court. Regarding the 18,000 marriages that took place prior to Proposition 8’s passage, the court made the right decision in keeping them intact. I also want to encourage all those responding to today’s court decision to do so peacefully and lawfully.”

 

-- 26/05/2009, Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, sobre a decisão do supremo tribunal do estado de manter a Prop. 8 (que retira o acesso ao casamento a pessoas do mesmo sexo)



publicado por garçon às 17:32 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Um viúvo ou uma viúva não escolheu ser viúvo ou viúva. Mas também não foi o homem legislador que o impôs. Foi o acaso, o divino ou uma fatal coincidência de circunstâncias, como quiserem. Já os estados solteiro, casado ou divorciado fazem parte de uma liberdade de escolha que resulta na tomada de uma decisão. Não interessa se é mais ou menos consciente. O que importa é que parte do indivíduo e é da sua inteira responsabilidade cabendo às instituições apenas a regulamentação dos trâmites do processo e das implicações que cada estado acarreta.

 

No entanto, não é isso que se verifica na maior parte das sociedades actuais. Nas que não admitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, um homossexual é obrigado a manter-se solteiro durante toda a sua vida. É verdade, por muito que queira juntar os trapinhos e fazer uma festa junto do registo civil, NÃO PODE! E depois há países com sistemas políticos muito fora do alguma vez visto no mundo inteiro, como os EUA, que tencionam revogar casamentos já celebrados. Felizmente, isso não aconteceu (ver a próxima posta), senão, por muito que dois homens ou duas mulheres quisessem continuar casados, NÃO TERIAM ESCOLHA!

 

Segue um vídeo realizado antes da decisão do Supremo Estado da Califórnia alertando para os divórcios coercivos que ameaçavam casais felizes.

"Fidelity": Don't Divorce... from Courage Campaign on Vimeo.



publicado por garçon às 16:42 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

...Termos todos os mesmos direitos e deveres.

 

No próximo domingo, vai ser apresentado na Sala São Jorge, em Lisboa, às 16h, o MPI - Movimento Pela Igualdade no acesso ao casamento civil. A leitura do documento-manifesto será feita pela actriz Fernanda Lapa seguido das razões de várias personalidades públicas presentes para apoiarem esta causa. Entre elas, contam-se o psiquiatra Daniel Sampaio, a constitucionalista Isabel Mayer Moreira e o escritor José Saramago.

 

Eu já pus na minha agenda. Apareçam também.



publicado por garçon às 12:31 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Sábado, 18.04.09

"Somewhere in Des Moines or San Antonio

there is a young gay person

who all the sudden realizes

that he or she is gay;

knows that if their parents find out

they will be tossed out of the house,

their classmates will taunt the child,

and the Anita Bryant's and John Briggs'

are doing their part on TV.

And that child has several options:

staying in the closet, and suicide.

And then one day

that child might open the paper

that says "Homosexual elected in San Francisco"

and there are two new options:

the option is to go to California,

or stay in San Antonio and fight.

Two days after I was elected

I got a phone call

and the voice was quite young.

It was from Altoona, Pennsylvania.

And the person said

"Thanks".

And you've got to elect gay people,

so that thousand

upon thousands like that child know that

there is hope for a better world;

there is hope for a better tomorrow.

Without hope,

not only gays,

but those who are blacks,

the Asians,

the disabled,

the seniors,

the us's:

without hope the us's give up.

I know that you can't live on hope alone,

but without it, life is not worth living.

And you, and you, and you, and you

have got to give them hope."


-Harvey Milk, 1978 (o ano em que eu nasci!)

 

 



publicado por garçon às 17:03 | link do post | comentar | favorito

Quinta-feira, 16.04.09

Eu tive o enorme prazer de ver o oscarizado (1984) documentário sobre a vida política de Harvey Milk na sessão especial e única que aconteceu ontem no Cinema São Jorge graças à colaboração entre o Queer Fest e a Midas (que vai lançar no mercado o DVD no dia 21).

Gostei muito do recente filme Milk, de Gus Van Sant, mas ao tocar na realidade e nas pessoas reais que testemunharam e participaram naqueles tempos, tocou-me mais o documentário, que começa assim:

 

 



publicado por garçon às 21:50 | link do post | comentar | favorito

Domingo, 11.01.09

No passado dia 8 de Janeiro, a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) suspendeu os corredores humanitários para a Faixa de Gaza depois de um ataque israelita que matou dois motoristas de um comboio identificado com o símbolo da organização junto à fronteira norte.

Num mundo com moral a sério, o que a ONU teria suspenso era a ofensiva cega que Israel está a cometer contra um povo em comparação muito mais desprotegido.

 

Nesse mesmo dia, tive oportunidade de me manifestar contra a barbárie de Israel sobre Gaza em Lisboa. Comigo estavam estimadamente umas boas centenas de pessoas em frente à Embaixada de Israel, que estava afastada da gente por um gradeamento atrás do qual se encontravam os polícias e um checkpoint muito bem montado. Quando um dos organizadores proclamou que ali éramos todos palestinianos da Faixa de Gaza, ocorreu-me que podíamos estar todos mortos porque o número de participantes estava próximo das centenas de vítimas em Gaza desde que os ataques começaram (pouco antes do final de 2008). Não faltaram os sapatos a voar por cima das cabeças para a porta da Embaixada.



publicado por garçon às 17:58 | link do post | comentar | favorito

Sexta-feira, 02.01.09

Foi ao longo de 36 anos a mais célebre activista anti-apartheid branca, quando eram raros os brancos que criticavam o regime segregacionista da África do Sul. Nesse período, Helen Suzman foi também, durante 13 anos, a única parlamentar a condenar abertamente o apartheid - como deputada do Partido Unido, mais tarde no Partido Progressista.
 

Muitas vezes, às suas intervenções no Parlamento respondiam-lhe com um "Volta para Moscovo" ou "Volta para Israel", numa referência às suas origens. Helen Suzman era filha de imigrantes judeus lituanos na África do Sul. 
 

Foi duas vezes nomeada para o Nobel da Paz. Ontem, com 91 anos, morreu "na paz" da sua residência em Joanesburgo, disse a filha, citada pela agência de notícias sul-africana SAPA, que divulgou a notícia.

Várias vezes enfrentou o antigo primeiro-ministro Pieter W. Botha, que chegou a ameaçá-la dizendo que ela estaria a violar as leis do país. Suzman ter-lhe-á então respondido: "Não tenho medo de si."

 

in Público, 2 Janeiro 2009



publicado por garçon às 20:28 | link do post | comentar | favorito

Casa da Nobel da paz iraniana Ebadi atacada

Centena e meia de manifestantes atacou ontem a casa da prémio Nobel da paz iraniana Shirin Ebadi, três dias depois de o seu escritório de advocacia em Teerão ter sido alvo de buscas pelas autoridades e duas semanas depois de a sua organização Círculo de Defesa dos Direitos Humanos ter sido encerrada pelo Ministério do Interior.

 

"Juntaram-se à porta do edifício aos gritos, acusando-me de apoiar crimes cometidos pela América e Israel", contou Ebadi à AFP, precisando que os manifestantes dispersaram meia hora após a chegada da polícia ao local. Entretanto, relatou, já tinham arrancado o placard do seu escritório de advocacia - que se localiza no mesmo imóvel - e escrito slogans de similar teor nas paredes.

 

"Este ataque não tem nada a ver com a nossa posição sobre o que se passa em Gaza; há dois dias que o condenámos e expressámos o nosso apoio aos palestinianos", afirmou a Nobel da paz (2003), aludindo aos ataques israelitas que continuam na Faixa de Gaza.

 

in Público, 2 Janeiro 2009



publicado por garçon às 20:14 | link do post | comentar | favorito

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